Nossa Senhora de Gietrzwald - Polônia
27 de junho de 1877
Nossa Senhora de Gietrzwald e o poder da oração
Temos em nossas mãos o poder de
mudar muitas coisas, rezando diariamente o Rosário. Uma aparição da Santíssima
Virgem na Polônia nos dá disso um exemplo. Infelizmente, hoje é muito comum
encontrar paróquias que não têm pároco, ou várias paróquias cujo pároco é o
mesmo. Obviamente isso traz como consequência dificuldades para as pessoas
frequentarem os sacramentos, horários de missa complicados, doentes sem
assistência religiosa, e muitos outros problemas análogos. A tendência natural
das pessoas é queixar-se, procurar um culpado, mas esquecemos que a solução
desse tipo de problemas passa muitíssimas vezes por nossas próprias mãos. Como?
Utilizando o poder da oração do Rosário. E a história das aparições de Nossa
Senhora de Gietrzwald, no norte da Polônia, nos dá desse poder uma prova
concreta.
Uma história tumultuosa
Poucas nações têm uma história
mais tumultuada que a da Polônia. De antiga potência na região leste da Europa,
e baluarte do catolicismo, passou no século XVIII por uma decadência moral
espantosa, que chegou a extremos, como o fato de bispos imorais serem linchados
pelo povo, e o próprio rei condecorar generais invasores inimigos. Nada
estranho, pois, que o país tenha então desaparecido, repartido entre seus
vizinhos. Mas foi justamente o choque e a humilhação dessa divisão que produziu
um sobressalto religioso e um ressurgimento nacional. Dois dos países que dividiram a Polônia — a
Rússia cismática e a Prússia protestante — colocavam todo tipo de obstáculos
para a renovação moral do país. Entre esses obstáculos estava o controle das
paróquias, motivo pelo qual muitas ficavam sem pároco por períodos mais ou
menos prolongados. Mesmo havendo sacerdotes disponíveis, estes não podiam
cumprir suas obrigações. Parecia uma situação sem saída. Justamente nesse momento deram-se as
aparições de Nossa Senhora a duas meninas de 12 e 13 anos, entre os dias 27 de
junho e 16 de setembro de 1877. A primeira das aparições ocorreu a Justyna
Szafrynska, quando voltava com a mãe de um exame religioso para avaliar se estava
preparada para a primeira comunhão. Passavam diante de uma árvore existente na
frente da Igreja, quando a menina viu a Virgem. Surpreendida, mas tímida,
decidiu voltar ao mesmo local no dia seguinte, com sua amiga Barbara
Samulowska, de 12 anos. Logo que começaram a rezar ali o Rosário, viram uma
“brilhante Senhora” sentada num trono, com o Menino Jesus em suas mãos, e
rodeada de anjos. As meninas lhe perguntaram quem era, e Ela respondeu:
— Sou a Virgem Maria da Imaculada Conceição.
— E que deseja a Mãe de Deus?
— Desejo que rezem o Rosário todos os dias.
Numa das aparições seguintes,
entre perguntas sobre se estas ou aquelas pessoas tinham se salvado,
perguntaram se a Igreja na Polônia voltaria a ser livre, e se as paróquias da
região receberiam párocos em breve. A resposta de Nossa Senhora foi muito
clara:
— Sim. Se as pessoas rezarem com
ardor, a Igreja não será oprimida e as paróquias abandonadas receberão
sacerdotes em breve.
Esta resposta da Virgem
difundiu-se pelo local, e as pessoas começaram a rezar o Rosário, não só
individualmente, mas de modo especial em família e em público. E igualmente
começaram as peregrinações ao local. É claro que as autoridades anticatólicas
da zona fizeram de tudo para evitar essa renovação religiosa. Declararam ser
tudo uma fraude, uma manifestação de nacionalismo, um perigo público para o
Estado, e até obstáculo para o “progresso”. Os padres que defenderam ou
apoiaram as videntes foram presos e multados por “espalhar falsidades”. Um dos
que mais se distinguiu em difundir as aparições foi o capuchinho Honorato Kozminski,
beatificado em 1988.
O Papa Paulo VI elevou a igreja
de Gietrzwald a basílica menor em 1970, Mas as perseguições não conseguiram
evitar que as pessoas continuassem rezando o Rosário. Pelo contrário,
solidificavam as pessoas na sua determinação. O bispo local procedeu conforme
as normas sapienciais da Igreja nesses casos. Enviou delegados para investigar
discretamente o que se passava e verificar a conduta das videntes. Sabendo que
aumentava a recitação pública do Rosário, ordenou aos religiosos do local que
rezassem também com o povo, dando ele próprio o bom exemplo. Seus delegados
confirmaram que as meninas videntes se comportavam normalmente, e que nada
nelas indicava desejo de ganhar notoriedade ou aproveitar de outra forma os
acontecimentos. Cinco anos depois, e graças à perseverança na reza do Rosário,
a situação era completamente diversa. As paróquias tinham sacerdotes, a
freqüência aos sacramentos se multiplicava, aumentaram as vocações nos
mosteiros da região e houve notórias graças de conversão de pecadores. A
recitação do Rosário em família tornou-se comum e permanece até hoje. Os
próprios perseguidores da Igreja acharam melhor não mexer no caso, para evitar
problemas maiores. Se bem que o bispo diocesano tenha publicado no ano seguinte
os resultados favoráveis do seu inquérito, e o Papa Paulo VI tenha elevado a
igreja de Gietrzwald a basílica menor em 1970, foi somente em 1977, nas
cerimônias comemorativas do primeiro centenário das aparições, que estas foram
aprovadas oficialmente pelo bispo local.