lembrai-vós, ó piedosa Virgem!
Era tarde de outono de 1584. Na mística penumbra vesperal que àquela hora enchia a igreja de S. Estêvão em Paris, um jovem rezava chorando, prostrado diante do altar de Maria. A palidez do rosto, os profundos suspiros, as lágrimas que lhe caíam dos olhos, o ardor da oração, tudo mostrava que uma tristeza, uma dor agudíssima oprimia aquela alma. Realmente assim era. O piedoso jovem, que ardentemente amava o Senhor e toda a vida conservara o candor da inocência, era vítima de uma tentação terrível : a de duvidar da misericórdia divina e julgar-se condenado ao inferno. Que luta secretas, que ansiedade, que angústia, ao pensar que no inferno não poderia amar aquele Deus que fortemente o chamava e era a vida íntima do seu coração! Mas então, exclamava, no inferno estarei privado da faculdade de Vos amar, ó meu Deus,e de amar a minha doce Mãe Maria SS.? Ah! se pelo menos o inferno me permitisse amar-Vos, menos pavor me causaria! - Preocupado continuamente por esses pensamentos, abalara-se-lhe a saúde e a família estava inquieta, sem porém conhecer a verdadeira causa do mal. Naquela tarde, mais triste, mais agitado que de costume, ao sair do colégio entrara na igreja, como impelido por uma fôrça misteriosa. Ali finalmente o esperavam a consolação e a luz. Ajoelhado diante da mesma imagem perante a qual fizera o voto de virgindade, viu numa mesinha, à disposição dos fiéis, cópias da oração de São Bernardo : Lembrai-Vos ó píedosissima Virgem, etc..... Tomando uma delas, rezou com extraordinário fervor e fez uma promessa a Maria, se Ela o livrasse daquela aflição. Nem acabara de formulara promessa, sentiu operar-se-lhe na alma súbita mudança : inundou-o suavíssima paz, desapareceu toda a angústia, toda tristeza, que nunca mais voltou a afligi-lo. Aquele jovem era São Francisco de Sales, o futuro Bispo de Genebra, o Santo da mansidão e do amor cristão. Não satisfeito com rezar todos os dias aquela inesquecível oração a Maria, ele a recomendava a todos e Mons. Camus, Bispo de Belley, atesta : " Aprendia-a com ele que ma ditou para decorá-la e servi-me dela em todas as necessidades".
Rezemo-la também nós com fervor e também nós lhe sentiremos os efeitos benéficos e a incomparável suavidade.
Texto tirado do livro
Ó Maria Confio em Vós.(pagina 14,15).
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